não me olhes agora que estou
mais velho e não correspondo em
nada ao homem que amaste
procura encarar a tristeza
sem me incluíres, seria demasiado
cruel que me usasses para a dor.
para ti quis trazer as coisas mais belas
e em tudo o que fiz pus o cuidado
meticuloso de quem ama.
não me obrigues a cortar os
pulsos quando fores num minuto ao
jardim com o cão
esta noite, sem notares, sustive a
respiração e quase morri.
não deste por nada.
julgaste que voltei a ressonar
e até terás esboçado um sorriso.
e se eu pudesse morrer
enquanto sorris, pergunto
deixo para depois, ou talvez
desista. mas não pode ser se
tu me olhares em busca
de tudo o que já não existe.
não pode ser, levo a faca maior
para debaixo do meu travesseiro
juro-te que me mato
se continuares assim
[valter hugo mãe]
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