quinta-feira, 3 de março de 2011

CARTA AO JORNAL "A CAPITAL"


Lisboa, em 6 de Julho de 1915.

Ex.mo Senhor Director de A Capital.

A notícia inserta em A Capital de ontem regista uma informação imperfeita com respeito aos intuitos teatrais que tomaram alguns dos meus colegas de Orpheu, sob minha diligente orientação.
Não se trata nem de futurismo nem de representar um drama dinâmico da categoria litográfica que V. Ex.ia indica. Para esclarecer bem o assunto e visto que já se fala nele em público – direi que o drama que tencionamos apresentar se chama «Os Jornalistas», que é um estudo sintético do jornalismo português e que, como (em parte) V. Ex.ia diz, se vêem apenas os doze pés dos três jornalistas que estão em quase-cena.
Passo em branco  porque seria inútil protestar nesse lance,  sobre a atribuição de futurismo que nos pretendem lançar. Seria de mau gosto repudiar ligações com os futuristas numa hora tão deliciosamente dinâmica em que a própria Providência Divina se serve dos carros eléctricos para os seus altos ensinamentos.

De V. Ex.ia
Respeitador e criado

ÁLVARO DE CAMPOS
engenheiro e poeta sensacionalista

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