quarta-feira, 13 de julho de 2011

Infinito


Comprazemo-nos
trajando adolescências
abafando o som dos risos
quando nos espreitamos à socapa
pela cortina que afastamos
na janela dos nossos dedos.

Deleitosa esta espécie de olhar de garotos
nesta ciranda em que dançamos
visualizando-nos tão bem
que nos tocamos.
Fundamental saber o que amamos tanto
com as mãos do imaginário
com os olhos rasos de mil pedaços
nesta imagem de estarmos juntos.
Relevante que nos emocionemos
ao experimentar com análoga intensidade
desenlear do tempo comum
o tempo só nosso.
Singular a carência de cruzarmos silêncios
de não nos deixarmos concluir
numa interrupção atabalhoada
própria do desejo de nos mantermos conspirados.

Temos ainda tanto para trocar entre nós.
Temos um mundo próprio
esta paisagem pré concebida,
grafitada num muro de uma avenida qualquer
só pelo prazer de nos vermos
quando por ela nos circulamos.

Importa o resto?
Claro que não!
Importa que continuemos a compartir silêncios ilimitados.
Enquanto continuarmos nesta permuta
Importam-nos sim
as frases
imagens nossas que prendemos na lapela
condecorações deste bem-estar que cogitámos:
Falta um infinito imenso!
Falta o inimaginável para que nos dissipemos!

[Cristina Miranda]


                                                        

1 comentário:

  1. oi antonio passei pra te deixar um beijinho...fique com Deus meu querido amigo...

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