Paul Cézanne. Maçãs verdes, c. 1873. Óleo.
Fogem agora, os olhos
Fogem da luz latindo.
Estão doentes, ou velhos, coitados…
defendem-se do que mais amam.
Tenho tanto que lhes agradecer:
as nuvens, as areias, as gaivotas
a côr pueril dos pêssegos
o peito espreitando
entre o linho da camisa
a friorenta claridade de Abril
o silêncio branco sem costura
as pequenas maçãs verdes de Cézanne
O mar.
[Eugénio de Andrade]